segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Evangelho Restaurado

Isto é a tradução do primeiro folheto que foi utilizado na pregação do evangelho na América do Sul. Foi escrito, publicado e distribuído nas ruas de Buenos Aires pelos missionários enviados a este subcontinente em 1925, incluindo o Élder Melvin J. Ballard (do Quórum dos Doze).

Esta tradução foi feita a partir de fotografias de um exemplar original que se encontra nos arquivos
históricos dos escritórios da Área América do Sul Sul (em Buenos Aires).
O irmão Néstor Curbelo mostrou esse exemplar aos participantes do Seminário SUDamericano
2018 no Parque Tres de Febrero. Um dos participantes tirou fotos do folheto, e dessas fotos foi feita
esta transcrição.

EVANGELHO RESTAURADO
Conferências todos os Domingos às 19.30 horas
RIVADAVIA 8972
Pelos recém-chegados missionários da América do Norte
DA
Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias
SOBRE A
RESTAURAÇÃO DE NOVO À TERRA DO EVANGELHO DE CRISTO E O REESTABELECIMENTO DE SUA IGREJA
O público cordialmente convidado                                             Entrada grátis

Com o fim de estabelecer uma missão evangélica em Buenos Aires, recentemente chegaram a esta cidade missionários e altos funcionários e oficiais da IGREJA DE JESUS CRISTO DOS SANTOS DOS ÚLTIMOS DIAS.
Na rua Rivadavia Nº 8972 celebram seus cultos e serviços religiosos, e respeitosamente convidam o honorável público de Buenos Aires. Os cultos e serviços se verificarão todos os dias domingo à 19.30 horas.
Não se trata simplesmente de uma missão protestante, pois a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, comumente chamada “Mórmon”, não é uma igreja protestante, mas é a Igreja de nosso Senhor Jesus Cristo reestabelecida em sua pureza, com a mesma organização de apóstolos e profetas, com os mesmos dons e poderes que existiram na Igreja de Cristo quando Ele andou com os homens sobre a terra. O Evangelho que pregam nesta Igreja é também o Evangelho puro de Cristo; restaurado de novo à terra nestes últimos dias, de acordo com as palavras do Apóstolo João em sua Revelação, capítulo 14 e versículos 6 e 7: “E vi outro anjo voar pelo meio do céu,  e tinha o evangelho eterno, para proclamá-lo aos que habitam sobre a terra, e a toda nação, e tribo, e língua, e povo, Dizendo com grande voz: Temei a Deus, e dai-lhe glória, porque vinda é a hora do seu juízo. E adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas”.

O QUE, ENTÃO, É ESTA IGREJA?
Em primeiro lugar diremos o que não é. O “Mormonismo” não é uma religião nova. Não é um evangelho novo. Não apresenta novos nem estranhos deuses. Não prega outro Cristo nem advoga outro Redentor para o homem, que não Jesus de Nazaré. Não apresenta nenhum plano novo de salvação para os homens. Não introduz nenhumas ordenanças novas que devem ser observadas, nenhuns símbolos novos em lugar das realidades da graça e poder. Não ensina nenhuns novos termos de intimidade com Deus e com Cristo e com o Espírito Santo. Não recomenda nenhum sacerdócio novo como um meio de autoridade divina para fazer coisas sagradas ou administrar em ordenanças santas. Não ensina nenhum outro código, que não a lei moral do Evangelho de Cristo. Não faz outro resumo da lei dos profetas que não “Amarás ao Senhor teu Deus de todo teu coração, de toda tua alma, e de toda tua mente… Amarás a teu próximo como a ti mesmo”. Não substitui nada pelos Dez Mandamentos nem pelo Sermão da Montanha.
O “Mormonismo” é simplesmente uma nova dispensação da Religião Antiga; do antigo, o primeiro, e o único Evangelho, “O Evangelho Eterno” de Jesus Cristo, com tudo o que é associado com ele, e que lhe pertence. Se reclamasse ser uma religião nova, um evangelho novo, então os homens logo poderiam dispor dele; poderiam saber que não pede ser verdadeiro, porque há tão somente uma só religião. “Um Senhor, una Fe, um Batismo, um Deus e Pai de todos”. Não há mais evangelho que um só: “porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos” (Atos 4:12); “Mas, ainda que nós mesmos, ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho, além do que  vos anunciamos, seja anátema” (Gálatas 1:8). O “Mormonismo” reclama ser, tão somente, Uma Nova Dispensação do Uno e Único Evangelho.

HOUVA A NECESSIDAD DE UMA RESTAURAÇÃO?
Em vista da apostasia predita pelos profetas de Deus que deixaram seus testemunhos nas Sagradas Escrituras, e o fato do cumprimento destas profecias entre os homens, temos que confessar que sim. Eis o que diz Isaías: “A terra pranteia e se murcha; o mundo enfraquece e se murcha; enfraquecem os mais altos do povo da terra. Porque a terra está contaminada por causa dos seus moradores, porquanto TRESPASSAM AS LEIS, MUDAM OS ESTATUTOS, E QUEBRAM O CONVÊNIO ETERNO. Por isso a maldição consome a terra, e os que habitam nela serão desolados; por isso serão queimados os moradores da terra, e poucos homens restarão.” (Isaías 24:4-6).
Ao refletir por um momento se pode ver que esta profecia não teve seu cumprimento no mundo antes de Cristo; e por conseguinte, tem que cumprir-se subsequentemente. Em parte se cumpriu agora depois de Cristo em que os homens “TRESPASSAM AS LEIS, MUDAM OS ESTATUTOS, E QUEBRAM O CONVÊNIO ETERNO”. A parte que se refere ao assolamento dos moradores da terra tem ainda que cumprir-se, e isto devido a suas maldades. O apóstolo São Paulo torna  o tema claro em sua segunda epístola aos Tessalonicenses, capítulo 1:7-10: “E a vós, que sois atribulados, descanso conosco, quando se manifestar o Senhor Jesus desde o céu com os anjos do seu poder, Como labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo; Os quais, por castigo, padecerão eterna perdição ante a face do Senhor e a glória do seu poder, Quando vier para ser glorificado nos seus santos, e para fazer-se admirável naquele dia em todos os que creem (porquanto o nosso testemunho foi acreditado entre vós).”
O mesmo apóstolo corrige a ideia existente entre os deste mesmo ramo da Igreja sobre o tempo da segunda vinda de Cristo estar perto em seu tempo, nas seguintes palavras: “Ora, irmãos, rogamos-vos, pela vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, e pela nossa reunião com ele, Que não vos movais facilmente do vosso entendimento, e não vos perturbeis, nem por espírito, nem por palavra, nem por epístola, como escrita por nós, como se o dia de Cristo estivesse já perto. Ninguém de maneira alguma vos engane; porque aquele dia não virá sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição; O qual se opõe, e se levanta sobre tudo o que se chama Deus, ou se adora; a ponto de assentar-se, como Deus, no templo de Deus, fazendo-se parecer Deus.” (2 Tessalonicenses 2:1-5).
Estas profecias tem sido amplamente cumpridas e atualmente temos no mundo um sem fim de igrejas. “Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela.”... (2 Timóteo 3:5); e que “Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, conforme as suas próprias concupiscências amontoarão para si mestres; E desviarão os ouvidos da verdade, e se tornarão às fábulas.” 2 Timóteo 4:3,4.
Em vista de tudo isto, a restauração não é tão somente necessária, mas ao mesmo tempo é lógica e Deus mediante seu novo profeta, José Smith, efetuou esta restauração. Eis aqui, as próprias palavras de José Smith relatando como foi: “No segundo ano depois de nos mudarmos do condado de Palmyra ao de Manchester, Nova York, havia grande excitação sobre a questão da religião. Grandes multidões se uniram aos diferentes grupos religiosos, o que causou muito movimento e muitas divisões entre o povo, alguns clamando, “Eis aqui!”, e outros “Eis ali!” Em meio de toda esta guerra de palavras, muitas vezes me dizer a mim mesmo, “O que deve ser feito? Qual de todas estas seitas é a verdadeira?”
“Um dia lia a epístola de Tiago, primeiro capítulo, versículo cinco: “E se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, sem repreensão, e ser-lhe-á dada”. Nunca uma passagem de escritura chegou ao coração do homem com mais poder do que esta chegou ao meu. Ao fim me determinei a perguntar a Deus, e me retirei a um bosque para fazê-lo. Apenas tentei fazê-lo, quando um poder me agarrou e completamente me dominou. Mas neste instante vi a um pilar de luz que desceu até que caiu sobre mim. Quando a luz repousou sobre mim, vi a dois personagens cujo fulgor e glória desafiam qualquer descrição. Um deles, apontando ao outro, disse: “JOSÉ, ESTE É MEU FILHO AMADO. OUVE-O”. Perguntei aos personagens qual de todas as seitas era a verdadeira, e a qual eu deveria unir-me. Me responderam que não deveria unir-me a nenhuma delas, porque todas andavam errantes. O personagem que me falou, me disse: “ensinam como doutrina os mandamentos de homens, tendo aparência de religiosidade, mas negam o seu poder”. E muitas outras coisas me disse. Relatar esta relação excitou contra mim muita preocupação, e foi a causa de muita perseguição contra mim. Era, sem embargo, um fato que verdadeiramente eu havia visto uma luz, e que em meio a essa luz, vi a dois personagens, e eles, em realidade, me falaram, e a pesar de que fui odiado por dizer que havia visto a uma visão, sem embargo, sabia que era verdade. Eu o sabia, e sabia que Deus o sabia, e não o pude negar”.
Depois recebeu outras visões, e numa delas um anjo lhe ensinou o paradeiro de um registro, escrito sobre placas de ouro, que continha a história dos antigos habitantes da América. Obteve e traduziu e publicou o registro sob o título “O LIVRO DE MÓRMON”.
O LIVRO DE MÓRMON dá a saber o que os grandes arqueólogos e homens de ciência não tem podido descobrir desde o descobrimento da América, a saber, a origem dos Índios da América. Este livro faz saber que são um remanescente do povo de Israel, do Ramo de José, que foi vendido no Egito, e cujos pais vieram a este continente desde Jerusalém seiscentos anos antes do nascimento de Cristo. Sendo este o caso, este livro é de muito grande interesse e valor a todos os descendentes dos aborígenes da América. Indubitavelmente seus pais foram aqueles a que se referia Cristo quando disse: “Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também me convém conduzir estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um pastor.” (Juan 10:16). Efetivamente, Cristo sim veio a este continente depois de sua ressurreição e estabeleceu sua Igreja entre os que aqui viviam, e uma relação de sua visita se encontra neste sumamente interessante livro.
Os missionários referidos vêm munidos de aparelhos projetores e placas e películas de retratos tomados das grandes cidades arruinadas no México e América Central; cidades que foram edificadas pelos antepassados pais dos atuais Índios da América. Todas estas cidades corroboram a autenticidade do LIVRO DE MÓRMON, e estas vistas serão mostradas de quando em quando em sus serviços.



terça-feira, 30 de outubro de 2018

América do Sul, uma Terra Dedicada - parte 3

Os Templos da América do Sul

Quebrando um pouco a sequência dos temas que estamos tratando na série de artigos sobre a História da Igreja na América do Sul, vamos agora tecer alguns comentários sobre os Templos que foram dedicados, que estão sendo construídos e que ainda serão construídos nesta parte da vinha do Senhor, com um propósito bem especial: celebrar os 40 anos do primeiro Templo da América do Sul.

Entre os dias 19 e 28 de outubro o Presidente Russell M. Nelson realizou mais um tour em seu ministério global, dessa vez visitando cinco países da América do Sul, Peru, Bolívia, Paraguai, Uruguai e Chile.
Já aí vemos um feito notável. Em seu primeiro tour internacional, em abril deste ano (2018), o Presidente Nelson, visitou, em 11 dias, oito cidades: uma cidade na Europa, uma no Oriente Médio, duas na África, três na Ásia, e uma no Pacífico. Mas, desta vez, ele passou 10 dias num único subcontinente, a América do Sul.
E, culminando sua visita a esta terra prometida, o Presidente Nelson dedicou o Templo de Concepción Chile, no dia 28 de outubro. Mais um feito notável, sobretudo, se lembramos que no dia 30 de outubro de 2018 se comemora o 40º aniversário da dedicação do primeiro Templo da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias na América do Sul, e, de fato, em toda a América Latina, o Templo de São Paulo.
Das oito cidades que o Presidente Nelson visitou em sua primeira grande viagem internacional, apenas três (Londres, Hong Kong e Honolulu) possuem um Templo já dedicado; uma cidade (Jerusalém) já teve um Templo; e as demais cidades (Nairóbi – Quênia, Harare – Zimbábue, Bangalore – Índia, e Bangkok – Tailândia) tem Templos já anunciados mas ainda não dedicados.
Por outro lado, todas as cidades visitadas pelo Presidente Nelson, pelo Élder Stevenson e por suas esposas possuem um Templo, inclusive Lima (Peru), que já tem um Templo mas que logo terá seu segundo Templo[1], e o recém dedicado Templo de Concepción Chile.
E mais que isso – todos os países Sulamericanos, exceto pelas Guianas, possuem ao menos um Templo. O novo Templo dedicado no dia 28 é o 18º Templo Sulamericano e o 160º de toda a Igreja[2].
Por isso, considerando a diferença de apenas dois dias entre a dedicação do 18º Templo e o 40º aniversário do primeiro Templo na América do Sul, não poderia haver um melhor contexto para comemorar!
A construção do Templo de São Paulo foi anunciada em 1975 pelo Presidente da Igreja na época, Presidente Spencer W. Kimball, quem tinha uma longa relação com a América do Sul, na Conferência de Área realizada na cidade de São Paulo.
São Paulo não foi a primeira cidade em que a Igreja foi organizada na América do Sul: Buenos Aires (Argentina) foi a primeira cidade sul-americana na qual se realizou batismo de conversos e onde se organizou um Ramo da Igreja.
São Paulo também não foi a primeira cidade brasileira a receber a Igreja: os primeiros missionários foram enviados à cidade de Ipoméia (no Estado de Santa Catarina) em 1926, pelo Presidente Reinhold Stoff, Presidente da Missão Sulamericana. Por outro lado, São Paulo apenas recebeu missionários alguns anos depois.
Ainda assim, devido a fatores diversos como localização geográfica, população, e diversidade cultural e religiosa, a Igreja experimentou um rápido crescimento na cidade de São Paulo, justificando a criação da Missão Brasileira em 1935 com sede em São Paulo, e o estabelecimento da primeira Estaca da América do Sul, em abril de 1966, poucos meses antes da primeira Estaca na Argentina, a Estaca Buenos Aires, em novembro de 1966. Por isso, apesar de que os membros se surpreenderam ao ouvirem o anúncio da construção do Templo de São Paulo, não foi nenhuma surpresa o fato de que o primeiro Templo da América do Sul fosse construído na cidade de São Paulo.
O Templo de São Paulo foi construído para atender a todos os países da América do Sul. E, de fato, James E. Faust, quando era Assistente dos Doze e estava designado a supervisionar o Reino de Deus neste abençoado subcontinente, fez um relato do progresso da Obra aqui, mencionando suas experiências na supervisão da construção do Templo de São Paulo, numa Conferência Geral  em 1975.
Para o Élder Faust, o incrível crescimento da Igreja na América do Sul depois de um início tão difícil era, sem dúvida, uma prova da realidade da restauração do Evangelho e das Chaves do Sacerdócio por meio de profetas e apóstolos. E, sobre o Templo, ele disse:
Na semana passada, no local do Templo, enquanto pensava e ponderava avancei para o local onde as dependências do Templo serão erguidas. A neblina já se dissipara de modo que pude ver, à distância, a grande cidade de São Paulo.
Lembro de que, quando jovem missionário, presidi o trabalho nessa cidade, com treze missionários e cerca de trezentos membros. Existem atualmente, quatro Estacas e cem missionários nessa cidade.
(...)
Naquela manhã da semana passada, caminhei em direção aos lugares santos do templo tentando determinar, pelas estacas, onde seria a sala de selamento. Já parecia um lugar santificado.
Mentalmente, visualizei jovens casais, limpos e puros, de mãos dadas e sorriso nos lábios, muitos com a pele morena contrastando lindamente com as roupas brancas, os quais irão a esse local sagrado para se casarem pelo poder do Santo Sacerdócio de Deus para o tempo e para a eternidade.
Foi fácil imaginar a grande alegria de famílias inteiras que se dirigirão a esse local para serem seladas e unidas pela mesma autoridade numa associação familiar eterna, por causa de seu merecimento.
Virão dos desfiladeiros e planícies elevadas dos Andes; da orla marítima; virão das grandes cidades. Nesse local, as portas do reino serão abertas para aqueles que já morreram sem oportunidades de aceitar as bênçãos do Evangelho de Jesus Cristo aqui na terra.
(...)
Tendo isso em mente e com os olhos cheios de lágrimas, lembrei-me de ter ouvido de um dos nossos ótimos presidentes de Estaca da América do Sul dizer que, quando fosse à Conferência Geral em Salt Lake, ele e sua esposa teriam que decidir quais dois dos cinco filhos que levariam consigo para serem selados no Templo. São necessários quarenta e três soles para fazer um dólar.
Agora seus planos mudaram. Estão planejando levar todos os filhos para o primeiro Templo da América do Sul.
(...)
Contemplando tudo isso, não poderia duvidar de que esse é o trabalho de Deus aqui na terra.
Chegara a hora de caminhar por fora dos limites formados pelas pequenas Estacas fincadas no chão, marcando a dimensão do tão aguardado Templo.
Tentei imaginar quão alto o frontispício será. Ao mesmo tempo, tentei imaginar o momento em que os baixos e rígidos índios da Colômbia, Equador, Peru, Bolívia e Paraguai se dirigirão para aquele lugar e olharão esse mesmo frontispício.
Gostaria de saber se alguns deles não gostariam de admirar o fino artesanato do edifício comparando-o com a qualidade do artesanato dos muros sagrados dos edifícios de seus antepassados ainda de pé em Cuzco, em Machu Picho e em vários outros lugares da América do Sul. Eles também tiveram seus Templos.
(...)
O que esse Templo, que está prestes a ser erigido na América do Sul, significa para o seu povo? Significa grandes e duradouras bênçãos. Também significa grande sacrifício.
(...)
Como vai o trabalho do Senhor lá, agora? Problemas? Existem muitos. Desafios? Eles são grandes, mas o progresso é quase inacreditável.

Esse Templo realmente abençoou enormemente a toda uma geração de membros da Igreja que por anos foram os pioneiros em seus países, sonhando com um dia conhecer um Templo do Senhor. Esse Templo possibilitou o recebimento das ordenanças de salvação eterna para milhares de membros de todos os países da América do Sul, o que fortaleceu a Igreja em todo o subcontinente, possibilitando, inclusive, a preparação do povo sulamericano para realizar esse mesmo trabalho sagrado em seus próprios países com o passar do tempo.

Esses são os 18 Templos da América do Sul por país, com os anos em que foram dedicados:
Brasil - São Paulo (1978, rededicado em 2004), Recife (2000), Porto Alegre (2000), Campinas (2002), Curitiba (2008), e Manaus (2012)
Argentina - Buenos Aires (1986, rededicado em 2012), e Córdoba (2015)
Peru - Lima (1986) e Trujillo (2015)
Uruguai - Montevideo (2001)
Chile - Santiago (1983) e Concepción (2018)
Paraguai - Asunción (2002)
Colômbia - Bogotá (1994)
Bolívia - Cochabamba (2000)
Equador - Guayaquil (1999)
Venezuela - Caracas (2000)

Além desses 18 Templos dedicados e em funcionamento, a América do Sul ainda tem 11 Templos já anunciados, mas ainda não dedicados:
Brasil – Fortaleza, Rio de Janeiro, Belém, Brasília e Salvador
Argentina – Salta e Mendoza
Peru – Lima Los Olivos, e Arequipa
Colômbia – Barranquilla
Equador – Quito
Como disse o Élder Faust, em outro trecho de seu discurso, “o trabalho está apenas começando”.

Para finalizar, deve-se destacar o destino promissor da América do Sul, como tem sido enfatizado pelo Presidente da Igreja, Russell M. Nelson.
Como já foi dito em outra oportunidade[3], quando Russell M. Nelson nasceu (1924) a Igreja ainda não tinha sido estabelecida na América do Sul.
Apenas em 1925 o Elder Melvin J. Ballard (do Conselho dos Doze) abriu a Missão Sulamericana e dedicou este subcontinente para a pregação do Evangelho.
E, no mesmo dia em que apoiamos em Assembleia Solene a Russell M. Nelson como Presidente da Igreja e M. Russell Ballard (neto de Melvin J. Ballard) como Presidente interino do Quórum dos Doze, também apoiamos o primeiro sulamericano a receber o chamado de Apóstolo, o Élder Ulisses Soares, de São Paulo, Brasil.

Em entrevista com o biógrafo oficial do Papa Francisco concedida durante sua visita à América do Sul, o Presidente Nelson disse:
Agora o centro da gravidade mudou para o hemisfério sul. A América do Sul e a África são fortes em sua fé.[4]

E, depois da dedicação do Templo de Concepción Chile, o Profeta de Deus na terra disse:
"Somos testemunhas de um processo de restauração. (...) Se você acha que a Igreja foi totalmente restaurada, está apenas vendo o começo.
Há muito mais por vir.” [5]




Versão em espanhol disponível em: https://volveraelcorazon.blogspot.com/2018/11/sudamerica-una-tierra-dedicada-parte-3.html

[1] Com isso, Lima será a segunda cidade no mundo a possuir dois Templos. A primeira cidade a alcançar esse marco foi Provo Utah.
[2] Não é de hoje que a América do Sul estabelece marcos na história dos Templos da Igreja nesta última dispensação. Nos anos 90, quando Gordon B. Hinckley se tornou o Presidente da Igreja, ele anunciou a meta de ter mais de 100 Templos dedicados em todo o mundo até o ano 2000. O Templo de nº 100 foi o Templo de Boston, dedicado em 1º de outubro de 2000. Mas a meta, que era a de ultrapassar 100 Templos foi atingida na América do Sul, quando o Templo do Recife Brasil foi dedicado em 15 de dezembro de 2000 e o de Porto Alegre Brasil foi dedicado em 17 de dezembro de 2000, sendo, respectivamente, os Templos de nº101 e 102 da Igreja.

[3] Na publicação Uma nova era para a América do Sul, deste blog, do dia 30 de abril de 2018:

 https://estudos-sud-br.blogspot.com/2018/04/uma-nova-era-para-america-do-sul.html

[4] Ver a reportagem: President Nelson condemns religious violence in wide-ranging interview, de Tad Walch, no Deseret News do dia 26 de outubro de 2018. Disponível em:

 https://www.deseretnews.com/article/900039009/president-nelson-condemns-religious-violence-in-interview-with-pope-francis-biographer.html

[5] Ver a reportagem: After Concepción Chile Temple dedication and tour conclusion, the prophet says 'There is much more to come', de Sarah Jane Weaver, no Church News do dia 28 de outubro de 2018. Disponível em: https://www.thechurchnews.com/leaders-and-ministry/2018-10-28/after-concepcion-chile-temple-dedication-and-tour-conclusion-the-prophet-says-there-is-much-more-to-come-48332


quinta-feira, 27 de setembro de 2018

América do Sul, uma Terra Dedicada - parte 2


A Dedicação da América do Sul

No artigo anterior, vimos antigos relatos sobre o futuro destino da América do Sul, conhecido desde os tempos bíblicos e do Livro de Mórmon, incluindo a pregação do Evangelho Restaurado e o estabelecimento da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias neste subcontinente.
Agora, vamos estudar palavras proféticas de Joseph Smith a respeito da edificação de Sião na América do Sul, e em seguida veremos o início do cumprimento dessas profecias.

Profecias modernas sobre o subcontinente sul-americano: palavras de José Smith sobre o estabelecimento de Sião
Já na atual dispensação, foram restauradas não só as profecias referentes às Américas, mas também foram restauradas as bênçãos dos povos que aqui habitam, voltando-se a efetuar a redenção e a salvação das Américas e de seus povos.
Em abril de 1834, o Profeta José Smith, conforme relatado por Wilford Woodruff, fez certas profecias a respeito do futuro e do progresso da Igreja:
Sabeis menos sobre o destino desta Igreja e reino do que um bebê no colo da mãe. Não a compreendeis (...). Vedes apenas uns poucos portadores do Sacerdócio aqui reunidos, mas esta Igreja irá espalhar-se por toda a América do Norte e do Sul – e pelo mundo inteiro.[1]
Dez anos depois, durante a Conferência Geral de abril de 1844, o profeta José Smith fez um curto discurso, pois não se encontrava bem de saúde. As palavras que ele proferiu naquela ocasião são verdadeiramente proféticas, e dizem respeito à futura administração da Igreja. Este é o conteúdo da revelação:
Desejo fazer uma proclamação aos élderes, por isso gostaria que permanecêsseis. Sabeis perfeitamente que o Senhor tem dirigido esta Igreja por revelação. Obtive uma que se relaciona com a economia da Igreja: uma grande, importante e gloriosa revelação. Não poderei tratá-la tão extensamente como em outras vezes, mas vos exporei os primeiros princípios. Sabeis que tem havido muita polêmica quanto a Sião: onde está, e onde será a aliança nesta dispensação, e é o que agora vou declarar. Os profetas falaram e escreveram sobre esse assunto, mas o que farei será muito mais extenso. Todas as Américas são Sião, de norte a sul, e os profetas a descrevem, declarando que é Sião onde se encontrará o monte do Senhor, e que ele estará no centro do país. Quando os élderes buscarem e examinarem as profecias antigas da Bíblia, seus olhos se abrirão.[2]
As palavras proféticas de José Smith demonstram que as Autoridades da Igreja sempre tiveram um grande anseio pelo envio do Evangelho Restaurado à América do Sul, e também uma firme crença de que, uma vez aqui estabelecido, o Reino de Deus cresceria de maneira comparável apenas ao crescimento experimentado na América do Norte.

História da Dedicação da América do Sul
Essa profecia veio a cumprir-se em 1925. No livro Historia de los Mormones em Argentina, se faz o seguinte relato a respeito do envio dos primeiros missionários:
Em 1923 duas famílias Santos dos Últimos Dias emigraram da Alemanha à Argentina. Eram os Friedrich e os Hoppe. Depois de um tempo escreveram à Primeira Presidência solicitando o envio dos missionários.
Em 3 de setembro de 1925, se anunciou que a Primeira Presidência considerava oportuna a possibilidade de abrir uma missão na América do Sul. Mais tarde, na Conferência Geral de outubro desse ano, o Élder Melvin J. Ballard, do Conselho dos Doze, anunciou que havia sido escolhido para a tarefa, com os presidentes Rulon S. Wells e Rey L. Pratt.[3]
Segundo relatou o Elder Ballard, o Élder Ray L Pratt, além de ter servido como Presidente de Missão no México se era um mestre da língua espanhola, e o Elder Rulon S. Wels o ajudava com o alemão – língua das famílias mórmons que requereram missionários na Argentina.[4]
Esses três missionários destinados a serem os pioneiros nestas terras do Sul, embarcaram rumo a sua missão pouco tempo depois do anúncio, e chegaram em Buenos Aires no dia 6 de dezembro de 1925. Conheceram a família Friedrich, a família Hoppe e outras famílias interessadas em conhecer o evangelho.
No dia 12 de dezembro, nas margens do Rio da Prata o Élder Melvin J. Ballard desceu às águas e batizou 6 conversos, membros das famílias Biebersdorf, Kullick e Plassman. No dia seguinte, na casa da família Kullick foi realizada a primeira reunião sacramental e as primeiras confirmações na Missão Sul-americana.[5]
Pouco depois, na manhã de Natal de 1925, precisamente às 7 horas da manhã, entre os salgueiros chorões do Parque Tres de Febrero (local previamente escolhido), em Buenos Aires, se realizou a importante reunião em que se dedicaria este subcontinente à pregação do evangelho e ao estabelecimento do Reino de Deus, iniciando o cumprimento de todas as profecias referentes a estas terras.
A reunião, presidida pelo Élder Ballard, iniciou-se com o hino A Alva Rompe. Também se cantaram os hinos Um Anjo Lá do Céu, e Salve o brilho de alegria na manhã de Sião (não disponível em português, até onde sei). O Élder Rey L. Pratt leu 1 Nefi 13; 2 Nefi 31; e 3 Nefi 21, e o Élder Rulon S. Wells leu Gênesis 29:22-26. Em seguida, o Élder Melvin J. Ballard proferiu a Oração Dedicatória.[6]
Da Oração, destaco os seguintes trechos:
Estamos agradecidos por termos sido escolhidos por Teu servo, o Presidente Heber J. Grant, para vir a esta grande terra da América do Sul, para abrir a porta para a pregação do evangelho a todos os povos das nações sul-americanas; para buscar o sangue de Israel, que tem sido mesclado entre as nações gentias, muitos dos quais, influenciados pelo espírito de coligação, têm sido congregados nesta terá. (...)
E também rogamos que possamos ver o começo do cumprimento de Tuas promessas contidas no Livro de Mórmon ao indígena destas terras, que é um descendente de Leí, milhões dos quais vivem neste país, quem têm sido oprimidos por muito tempo, e têm suportado muitas aflições e sofrido por causa do pecado e transgressão, como os profetas do Livro de Mórmon predisseram. (...)
que a paz possa estar sobre estas nações que Tu tens feito livres através de Tuas bênçãos sore os valentes libertadores destas terras; que a retidão possa predominar, e a liberdade plena para a pregação do evangelho prevaleça. Detém o poder do mal para que não triunfe sobre Tua obra, mas que todos Teus inimigos sejam subjugados e Tua verdade seja triunfante.
E agora, Oh Pai, pela autoridade da benção e designação de Teu servo, o Presidente da Igreja, e pela autoridade do Santo Apostolado do qual eu sou portador, dou volta à chave, e abro a porta para a pregação do evangelho em todas estas nações Sul-americanas, e repreendo e ordeno que seja detido cada poder que se oponha à pregação do evangelho nestas terras. E abençoamos e dedicamos estas nações e este terra para a pregação do evangelho. E fazemos isso para que a salvação possa chegar a todo homem, e que Teu nome seja honrado e glorificado nesta parte da terra de Sião.[7]
Após a oração, os santos reunidos cantaram o hino Hoje, ao Profeta Louvemos, e escutaram os missionários falaram sobre aquela missão que estavam desempenhando.
Aqueles três missionários permaneceram mais alguns meses entre os primeiros santos sul-americanos. Em junho de 1926 chegaram mais missionários.
No dia 4 de julho de 1926, em sua última reunião com os santos antes de seu retorno a Salt Lake, o Élder Ballard deu um impressionante testemunho, no qual profetizou o futuro crescimento da Igreja nestas terras. As seguintes palavras foram registradas pelo Élder Vernon Sharp (missionário de tempo integral) em seu diário:
A obra do Senhor crescerá devagar por algum tempo aqui, assim como o carvalho cresce lentamente a partir de um bulbo; ela não se desenvolverá em um dia, como acontece com o girassol que cresce rápido e depois morre. Porém, milhares entrarão para a Igreja aqui. A obra se dividirá em mais de uma missão e será uma das mais fortes da Igreja.[8]
O Élder Ballard retornou aos Estados Unidos, sendo sucedido na presidência da Missão Sul-americana pelo Presidente Reinhold Stoof, sob cuja presidência o evangelho começou a ser levado a outras regiões da Argentina e no Brasil.


Versión en español disponible en: 
https://volveraelcorazon.blogspot.com/2018/10/sudamerica-una-tierra-dedicada-parte-2.html



[1] A História da Igreja na Plenitude dos Tempos, pág. 113. (Grifei)
[2] Ensinamentos do Profeta Joseph Smith, págs. 353-534 (Grifei)
[3] História de los Mormones en Argentina, p. 32. Tradução livre do autor deste artigo. O Élder Rey L. Pratt é o neto do Élder Parley P. Pratt, sobre quem falaremos mais no futuro.
[4] Conference Report, Oct. 1926, p. 34-35.
[5] História de los Mormones en Argentina, p. 36.
[6] Dedicación de Sudamérica al Evangelio. Artigo da Área América do Sul Noroeste. Disponível em: http://www.iglesiajesucristosud.org/historiadelaiglesia/noticias/dedicacion-de-sudamerica-al-evangelio
[7] A oração foi registrada no livro histórico da Missão Sul-americana e publicada na revista Improvement Era, Tomo 4, Abril de 1926, p. 575-577. Do original foi feita uma tradução ao espanhol pelo Élder Cargos Agüero, Setenta de Área (Área América do Sul Sul) em janeiro de 2000. (Ver: Conmemoración del inicio de la predicación del evangelio en Sudamérica, Néstor Curbelo, p. 4-7, e Dedicación de Sudamérica al Evangelio. Artigo da Área América do Sul Noroeste. Disponível em: http://www.iglesiajesucristosud.org/historiadelaiglesia/noticias/dedicacion-de-sudamerica-al-evangelio) A partir da tradução feita pelo Élder Agüero foi feita uma tradução ao português por Renan Silva, entre novembro de 2013 e junho de 2014, enquanto servia na Missão Argentina Córdoba. Para ver a versão em português completa: https://estudos-sud-br.blogspot.com/2018/05/oracao-dedicatoria-da-america-do-sul.html
[8] Raízes e Ramos da Igreja no Brasil: Os Oitenta Anos das Missões BrasileirasÉlder Celso e Cristina Sanches. Disponível em: http://www.lds.org.br/raizes-e-ramos-no-brasilos-oitenta-anos-das-missoes-brasileiras